ontem o dia passou
como se não fosse
e não era:
sempre será
tento esquecer
que fostes
tão cedo ainda
e ainda não encontrei
os acenos certos
nem talvez nunca
como se diz adeus
acho que não sei
ainda
Claudia Félix
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21 junho, 2011
31 maio, 2010
04 junho, 2008
Balada para um louco
Num dia desses ou numa noite dessas,
Você sai pela sua rua ou pela sua cidade,
Ou sei lá, pela sua vida,
Você sai pela sua rua ou pela sua cidade,
Ou sei lá, pela sua vida,

Quando de repente por detrás de uma árvore apareço eu,
Mescla rara de penúltimo mendigo,
E primeiro astronauta a por os pés em Vênus,
Meia melancia na cabeça,
Uma grossa meia-sola em cada pé,
As flores da camisa desenhadas na própria pele,
E uma bandeirinha de taxi livre em cada mão,
Você ri ?
Você ri porque só agora você me viu,
Mas eu flerto com os manequins,
O semáforo da esquina me abre três luzes celestes,
E as rosas da florista estão apaixonadas por mim,
Juro, vem,
Vem, vamos passear,
Eu assim meio dançando, quase voando,
Te ofereço uma bandeirinha e te digo:
Já sei que já não sou,
Passei, passou,
A lua nos espera nessa rua é só cantar,
E um coro de astronautas, de anjos e crianças,
Bailando ao meu redor te chama: vem voar !
Já sei que já não sou,
Passei, passou,
Eu venho das calçadas que o tempo não guardou,
E vendo-te tão triste pergunto o que te falta,
Talvez chegar ao sol,
Pois eu te levarei.
Louco, louco, louco,
Foi o que me disseram quando disse que te amei,
Mas naveguei as águas puras dos teus olhos,
E com versos tão antigos eu quebrei teu coração.
Louco, louco, louco, louco, louco,
Como um acrobata demente saltarei,
Dentro do abismo do teu beijo até sentir,
Que enlouqueci teu coração e de tão livre chorarei.
Vem voar comigo, querida minha,
Entra na minha ilusão super-esporte,
Vamos correr pelos telhados com uma andorinha no motor,
Do Vietnã nos aplaudem,
Viva, viva os loucos que inventaram o amor !
E um anjo, um soldado e uma criança,
Repetem a ciranda que eu já esqueci,
Vem, eu te ofereço uma multidão,
Rostos brilhando, sorrisos brincando,
O que sou eu, sei lá,
Um tonto, um santo ou um canto à meia voz.
Já sei que já não sou,
Nem sei quem sou,
Abraça essa ternura de louco que há em mim,
Derrete com teu beijo a pena de viver,
Angústias nunca mais; voar, enfim voar.
Ama-me como eu sou,
Passei, passou,
Sepulta os teus amores,
Vamos fugir, buscar,
Numa corrida louca,
Um instante que passou,
Em busca do que foi,
Voar, enfim voar.
Viva !
Viva os loucos !
Viva os loucos que inventaram
o amor!
viva, viva, viva....
Astor Piazzolla / Horacio Ferres (Tradução R. Cardozo)
Foto: Abrazos. By Daniele. Buenos Aires.
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