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17 abril, 2009

as cartas de amor


As cartas de amor

deveriam ser fechadas
com a língua;
Beijadas antes de enviadas.
Sopradas.
Respiradas.
O esforço do pulmão
capturado pelo envelope,
a letra tremendo
como uma pálpebra.
Não a cola isenta, neutra,
Mas a espuma, a gentileza,
a gripe, o contágio.
Porque a saliva acalma
um machucado.

As cartas de amor
deveriam ser abertas
com os dentes.



Fabricio Carpinejar


Foto: Quando voltava da aula de fotografia e olhei para o céu. UFSC. Florianópolis.

09 fevereiro, 2009

sem sinal da cruz

(...)

Repara-se nas pessoas ao lado a adivinhar se alguma delas experimenta o mesmo torpor silencioso de mastigar as palavras e não digeri-las ou cuspi-las. O amante está sempre com uma palavra na boca, lapidada, aperfeiçoada, repensada, reescrita, que não sairá para passear com o mar. Não sairá numa confidência. Ficará como semente de uva, pequena demais para ser colhida do chão, mas de aspereza reconhecível para uma língua com sede.

O amor é infantil. Uma alegria de se entornar pela casa e se despreocupar com a arrumação. Ser adulto estafa, a recolher os brinquedos escondidos na areia sem ao menos ter brincado. O amor é insuportavelmente tolo. Quem não é tolo não permite carícias.

O amor não cansa de caminhar como a luz, não cansa de barulho como a chuva, não cansa de repetir as lembranças como o fogo.

Morro por amor, mas não morro o amor.

...
Fabricio Carpinejar
Foto: Entardeceres. Campeche. Florianópolis.
{09 de fevereiro de 2009}

15 janeiro, 2008

o consenso das mãos durante o dia






Quero recuperar o romantismo, uma visão cristalina e verdadeira das relações amorosas, um cuidado na fala, a sedução. Sem idealismo, mas com idealização. A expectativa e a confiança fazem bem ao amor e não podem ser abolidos. Desejo, com as mulheres, o consenso das mãos durante o dia e dos pés durante a noite.


Fabrício Carpinejar



Foto: Tato. By Poeminha.

patiodotempo.blogspot.com

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"e o mundo é meu, o mundo é seu, de todo mundo..." Zeca Baleiro