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28 março, 2012

Para fazer o retrato de um pássaro



Pinta primeiro uma gaiola
com a porta aberta
pinta a seguir
qualquer coisa bonita
qualquer coisa simples
qualquer coisa bela
qualquer coisa útil
para o pássaro.
agora encosta a tela a uma árvore
num jardim
num bosque
ou até numa floresta
esconde-te atrás da árvore
sem dizeres nada
sem te mexeres…
às vezes o pássaro não demora
mas pode também levar anos
antes que se decida.
Não deves desanimar
espera
espera anos se for preciso
a rapidez ou a lentidão da chegada
do pássaro não tem qualquer relação
com o acabamento do quadro.
Quando o pássaro chegar
se chegar
mergulha no mais fundo silêncio
espera que o pássaro entre na gaiola
e quando tiver entrado
fecha a porta devagarinho
com o pincel
depois
apaga uma a uma todas as grades
com cuidado não vás tocar nalguma das penas
Faz a seguir o retrato da árvore
escolhendo o mais belo dos ramos
para o pássaro
pinta também o verde da folhagem a frescura do vento
e agora espera que o pássaro se decida a cantar
se o pássaro não cantar
é mau sinal
é sinal que o quadro não presta
mas se cantar é bom sinal
sinal de que podes assinar
então arranca com muito cuidado
uma das penas do pássaro
e escreve o teu nome num canto do quadro

Jacques Prévert


Foto: Da vida que surpreende e vibra. Florianópolis. SC.


20 abril, 2010

Autumn leaves



The falling leaves
Drift by my window
The autumn leaves
Of red and gold

I see your lips
The summer kisses
The sunburned hands
I used to hold

Since you went away
The days grow long
And soon I'll hear
Old winter's song

But I miss you most of all
My darling
When autumn leaves
Start to fall


Música: Joseph Cosma - Letra original: Jacques Prévert - Letra em inglês: Johnny Mercer

Foto: Quando as folhas de outono. No céu a caminho de casa. UFSC. Florianópolis.

"Autumn leaves" tem origem num poema de Jacques Prévert "Les feuilles mortes", depois musicada pelo compositor franco-húngaro Joseph Cosma, compositor em peças teatrais, inclusive algumas de Jean-Paul Sartre (mon amour). Posterioremente Johnny Mercer escreve a versão  em inglês, que torna-se um clássico do jazz, interpretada pelos mais destacados cantores e instrumentistas do mundo, ganhando novas versões e variações ao longo do tempo, até a versão mais bella que já ouvi, ao vivo: a de meu compositor e violonista preferido!

patiodotempo.blogspot.com

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"e o mundo é meu, o mundo é seu, de todo mundo..." Zeca Baleiro