(...) Relativamente a uma jovem, usam-se três tipos de beijos: O beijo nominal. O beijo palpitante. O beijo patético. Quando uma jovem toca somente a boca do seu par, sem que adiante mais nada, pratica o beijo nominal. Quando uma jovem, arredando todo o pudor, toca o lábio que lhe prime a boca e, portanto, move o lábio inferior, que não o superior, dá-se o beijo palpitante. Quando uma jovem toca o lábio do amado com a língua e, cerrando os olhos, agarra nas mãos dele, executa o beijo patético.
Outros autores descrevem mais quatro tipos: O beijo recto. O beijo inclinado. O beijo voltado. O beijo apertado. Quando os lábios dos dois amantes se põem directamente em contacto uns com os outros, trata-se do beijo recto. Quando as cabeças dos dois amantes se inclinam sobre a outra e eles se beijam, nesta posição, diz-se que é o beijo inclinado. Quando um dos dois parceiros volta o rosto do outro, tomando-Ihe a cabeça ou o queixo, que beija, verifica-se o beijo voltado. Enfim, quando o lábio inferior é pressionado com força, realiza-se o beijo apertado. Há também uma quinta espécie, chamada o beijo grandemente apertado. Pratica-se tomando o lábio inferior entre dois dedos; então, após tocá-lo com a língua, comprimem-se os lábios fortemente contra ele.
Poderíamos alongar-nos acerca da arte de beijar, dos meios de que se serve, das situações que provoca. Todavia, muitas das suas maneiras apenas são comuns a pessoas de intenso erotismo. Refira-se ainda o beijo do lábio superior pelo homem, quando ela, por seu turno, lhe beija o lábio inferior; o beijo em pleno, de lábios comprimindo fortemente os daquele que não tem bigode; o combate da língua, em que esta toca os dentes, a língua e o palato que se lhe oferecem, e também a pressão dos dentes, dele ou dela, sobre a boca dela ou dele.
Por via de regra, o beijo é de quatro espécies, que são: o moderado, o contraído, o forte e o suave, conforme a parte do corpo sobre que incide. Quando ela, depois de olhar o rosto do amante adormecido, o beija com intenção ou desejo, diz-se aqui do beijo que incentiva. Quando ele está alheio, ou amuado, ou absorto nas suas ocupações, e é beijado pela amante, chama-se ao ósculo o beijo que distrai. Quando o homem, ao chegar tarde a casa, beija a sua bela adormecida, demonstrando assim que a deseja, dá-lhe o beijo que desperta. Em tais circunstâncias, ela poderá fingir que dorme, tanto para o observar como para corresponder segundo a própria vontade. Quando se beija a imagem de alguém reflectida num espelho ou na água, ou ainda a sombra que se projecta numa parede, trata-se do beijo da declaração. Quando se beija uma criança que se tem sentada nos joelhos, uma pintura, uma imagem, etc., na presença da pessoa amada chama-se, neste caso, o beijo de transmissão. Quando à noite, no teatro ou numa reunião de casta, um homem beija o anelar da mulher que está diante de si, levantada, ou o dedo do pé, se sentada; ou quando ela, afagando o corpo do amante, deita a cabeça nas suas pernas, ao jeito de querer dormir, de modo a inflamá-lo, e lhe beija a perna ou o dedo grande do pé, consuma-se o beijo demonstrativo.
A propósito destas variedades, eis o seguinte versículo: «Seja o que for que um amante faça ao outro, este deve retribuir, trocando beijo por beijo, carícia por carícia, pancada por pancada.»
Kama-sutra.
Foto: Luxúria. By LRMarques. Florianópolis.