17 maio, 2010

Uma poesia ártica



Uma poesia ártica,
claro, é isso que eu desejo.
Uma prática pálida,
três versos de gelo.
Uma frase-superfície
onde vida-frase alguma
não seja mais possível.
Frase, não, Nenhuma.
Uma lira nula,
reduzida ao puro mínimo,
um piscar do espírito,
a única coisa única.
Mas falo. E, ao falar, provoco
nuvens de equívocos
(ou enxame de monólogos?)
Sim, inverno, estamos vivos.


Paulo Leminski

Foto: Das antigas cruzes. Armação da Piedade. SC.

Um comentário:

♪ Sil disse...

Leminsk é bommmmmmmmm demais!!!

Um grande abraço!

patiodotempo.blogspot.com

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"e o mundo é meu, o mundo é seu, de todo mundo..." Zeca Baleiro