24 agosto, 2011

III- Sonetos que não são



/ poeminha
Tenho te amado tanto e de tal jeito
Como se a terra fosse um céu de brasa.
Abrasa assim de amor todo meu peito
Como se a vida fosse vôo e asa

Iniciação e fim. Amo-te ausente
Porque é de ausência o amor que se pressente.
E se é que este arder há de ser sempre
Hei de morrer de amor nascendo em mim.

Que mistério tão grande te aproxima
Deste poeta irreal e sem magia?
De onde vem este sopro que te anima
A olhas as coisas com o olhar que as cria?

Atormenta-me a vida de poesia
De amor e medo e de infinita espera.
E se é que te amo mais do que devia
Não sei o que se deva amar na terra.


Hilda Hilst
Foto: Dos dias iluminados. Florianópolis. SC.

Um comentário:

Felicidade Clandestina disse...

eu não quero mais um amor assim. e ausente, menos ainda.

patiodotempo.blogspot.com

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"e o mundo é meu, o mundo é seu, de todo mundo..." Zeca Baleiro