04 novembro, 2010

17 - Do amor contente e muito descontente



As coisas que procuro
Não têm nome.
A minha fala de amor
Não tem segredo.

Perguntam-me se quero
A vida ou a morte.
E me perguntam sempre
Coisas duras.

Tive casa e jardim
E rosas no canteiro.
E nunca perguntei
Ao jardineiro
O porquê do jasmim
- Sua brancura, o cheiro.

Queiram-me assim.
Tenho sorrido apenas.
E o mais certo é sorrir
Quando se tem amor
Dentro do peito.


Hilda Hilst


Foto: Dos risos. Beira-Mar Norte. Florianópolis.

2 comentários:

Felicidade Clandestina disse...

e quando não se tem?

Felicidade Clandestina disse...

fui reler esse poema, e a sensação de vazio tomou conta de mim.

patiodotempo.blogspot.com

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"e o mundo é meu, o mundo é seu, de todo mundo..." Zeca Baleiro